#13 more is more: porque eu amo maximalismo
Tempo de leitura: 5 minutos | Você teria um minuto para ouvir a palavra?
hoje eu decidi iniciar a newsletter de um jeito mais ousado - que tem tudo a ver com o assunto da edição. e admito: hoje eu vou pregar a palavra do more is more. se você já gosta do estilo, você vai amar a edição. mas se você odeia maximalismo, concorda muito com os dez princípios do bom design do Dieter Rams1 ou se nem sabe do que se trata, aí é que você devia ler mesmo, porque eu tenho certeza que a vida de todo mundo podia ter um pouquinho mais de cor, brilho e ousadia.
❤️ para se inspirar
MAIS É MAIS: Fazendo design maior, mais forte e mais brilhante
“MORE IS MORE é uma ode aos poucos destemidos que habilmente quebram as regras de design e ultrapassam os limites para fazer declarações atraentes.”
Eu acho que essa frase (do projeto no Behance sobre esse livro) sintetiza bem porque o maximalismo é importante hoje. O apelo do minimalismo é extremamente compreensível: ele oferece uma chance de despoluir o nosso ambiente cheio de estímulos visuais, especialmente na era digital. Ele dá um descanso pro nosso cérebro: ufa, eu não preciso pensar - ou sentir - quando olho pra isso.
Aí. Aí é que está. É verdade que o minimalismo pode comunicar bem; e que pra fazer bom minimalismo você precisa ser um bom designer. Mas o tom que o minimalismo adquiriu - de superioridade estética, moral e intelectual - é um problema. É um pouco como o que falamos na edição #2 sobre tipografia e ativismo: neutro não é neutro. Quando você tira tudo o que “não é essencial”, o que fica não é a voz de todo mundo - afinal, o que é essencial? Por que cor não é essencial? Por que diversidade não é essencial?
O livro MORE IS MORE traz entrevistas e uma curadoria do trabalho de designers de vários estúdios que exploram o estilo maximalista, que são uma fonte inesgotável de inspiração. E a edição é linda demais: cheia de cores, texturas, sobreposições… As páginas são prateadas. Sério.
“Com base na definição original de “menos é mais” que envolve “remover tudo o que é desnecessário”, “MAIS É MAIS” poderia ser interpretado como “adicionando elementos que não são necessários” - mas não temos certeza de que isso está certo. Nós achamos que esse conceito poderia ser definido e aplicado de muitas maneiras diferentes, dependendo do meio ou do projeto, e tem muito a ver com contrastes. Quando você está acostumado a ver publicações pequenas, por exemplo, criar algo três vezes maior fará um grande impacto porque é diferente.”
- Baillat Studio para MORE IS MORE
Aqui da pra ver mais fotos do projeto gráfico do livro. Se você se interessou por comprar a versão física - é divina - esse é o meu link da amazon, mas ele anda MUITO caro, tem que caçar promoção. Eu fiquei de olho até que rolou um cupom pra livros importados pelo app e consegui comprar por R$ 120 e valeu super a pena :)
💭 para refletir
Maximalismo, experiência & usabilidade
Se você for uma pessoa questionadora - e eu espero que você seja - você pode estar pensando: “Beleza, isso é lindo na teoria. Mas e as interfaces, e as aplicações, e a experiência do usuário??”. Esse artigo (que eu traduzi para o português aqui) da Danae Botha fala um pouco sobre isso.
“O maximalismo não deve afetar negativamente o UX. UX é uma disciplina abrangente, da qual o design (minimalista ou maximalista) é apenas uma parte. A interface do usuário e o layout são facetas importantes de uma experiência completa, mas são pequenos componentes em uma máquina maior.”, diz Danae.
Embora eu ache que em alguns momentos no artigo há uma simplificação exagerada dos dois termos, Danae defende muito bem o seus pontos principais: uma abordagem maximalista pode ajudar designers a desenvolver e exercer de forma intencional sua criatividade; e para as empresas, fugir do lugar-comum minimalista de hoje pode ser um diferencial interessante. Outro ponto da autora é que um design ruim é um design ruim, e isso não diz nada sobre um estilo ou outro.
“Talvez para alguns”, escreve Danae, “isso parecesse um design maximalista. Afinal, incluía muitos dos princípios básicos do maximalismo: cores e padrões conflitantes, elementos concorrentes, layouts ousados. Mas se um design é difícil de usar, não pode ser nem maximalista nem minimalista. É meramente ruim.”
Além disso, o texto ajuda a desconstruir a ideia de que o maximalismo ou mesmo a simples inclusão de elementos variados em um aplicativo ou website vai automaticamente arruinar a experiência de qualquer usuário. Pode ser mais desafiador, sim, mas não é impossível - e é definitivamente mais divertido :)
obrigada por chegar até aqui :) especialmente se você torce o nariz para elementos grandes & cores vibrantes, hahah. como eu sempre gosto de reforçar, a curadoria de conteúdo pra mim é uma sugestão e um pontapé inicial - nosso e-mail acaba e você decide o que fazer com isso. qual caminho criativo costuma escolher? fique a vontade para responder esse e-mail se quiser conversar, compartilhar algo ou até mesmo criticar algum ponto da newsletter. espero que esse possa sempre ser um espaço de troca.
até a próxima terça!
- hele
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👩🏻💻 curadoria e textos por hele carmona, jornalista & estudante de design
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Dieter Rams é um designer alemão famoso por sua abordagem minimalista. Se você está reconhecendo o nome de algum lugar, é porque ele é um dos principais nomes da Braun.