#50 sobre design, newsletters e +
uma edição comemorativa respondendo perguntas dos assinantes! 🍰 | tempo de leitura: 7 minutos
a primeira edição da makers gonna make foi enviada no dia 2 de agosto de 2022. isso significa que amanhã é o aniversário de um ano dessa publicação-de-uma-mulher-só :) nessa jornada ainda curtinha, a newsletter alcançou muito mais do que eu esperava: são 50 edições e mais de 1.100 inscritos de diferentes ramos da criatividade, além das várias pessoas incríveis que conheci no processo. quis fazer algo diferente nessa edição e pedi que os leitores enviassem perguntas, e vou responder algumas aqui. vamos?
como vou responder perguntas individuais, essa edição não é linear, então separei em dois blocos: sobre design e sobre newsletters. não deu pra responder tudo, mas eu dei preferência aos assuntos que se repetiam :)
sobre design
Qual é a sua tipografia preferida e por que?
Eu amo tipografia, então vou roubar e vou falar três: sans serif, serif e display. Minha sem serifa preferida - no momento - é a Rubik. Meus olhinhos já estão exaustos de Poppins e Montserrat, eu gosto delas, eu uso às vezes, mas são redondinhas demais. A Rubik é um alento, é suave, mas menos redonda, e também não é quadrada, o O é um quase-squircle e ela tem uma família grandona e mega flexível. É minha queridinha pra projetos pessoais atualmente.
Entre as serifadas, admito que tenho uma quedinha pela Palatino. Fico envergonhada de admitir que descobri a existência dela quando meu melhor amigo me encaminhou o pdf de uma decisão do Alexandre de Moraes sobre a PL das fake news… Foi o a itálico que me pegou, e eu fiz uma pesquisa reversa pra descobrir qual era a fonte. Daí descobri que Palatino tamanho 13 pt é a recomendação tipográfica do STF - achei chiquérrimo.
Agora entre as fontes display - mais uma vez, atualmente - minha preferida é a MIP. É uma fonte coletiva, elaborada em um workshop em que cada participante desenhou uma letra com base em traçados de mapas. Ela tem um ar desviante e foi minha escolha pra dois projetos na faculdade no último semestre.
Porque algumas cores Pantone tem nomes legais e a maioria tem só código, ou se todas tem nomes onde encontrar? Ex: Very peri, Viva Magenta
Se eu tivesse que chutar, eu diria marketing: não existe nenhum motivo pra existir um Minion Yellow além de pura e simples publicidade. Mas eu fui atrás de uma resposta melhor e parece que em 2017 alguém perguntou diretamente pra Pantone, e eu vou dar uma resumida na resposta completa deles.
É importante lembrar que o sistema numérico é um jeito mais fácil de identificar os milhares de tons Pantone sem confusão. Mas enfim: de acordo com a Pantone, as cores que recebem nomes específicos são as 18 tintas base (aquelas que quando misturadas dão origem aos tons do catálogo), os principais tons de cinza e preto e as cores que vão para catálogos de moda e decoração. É uma questão de comunicação e público. Enquanto a maioria dos designers gráficos lida com milhares de possibilidades cromáticas porque trabalha com telas (o sistema RGB pode gerar mais de 16 milhões de cores), outras profissões que lidam com cores precisam de muito, muito menos variações. Ninguém escolhe cor de cortina ou sofá pelo sistema hexadecimal. Por isso, embora tenham sempre um código, as cores do catálogo Fashion Home - Interiors acompanham nomes mais amigáveis: 18-1443 também pode se chamar ‘Redwood’. Isso definitivamente deve ajudar na comunicação com clientes. Já as cores do ano (Very Peri e Viva Magenta, como você citou) provavelmente recebem nomes porque soa muito melhor no anúncio - imagina ouvir que “18-1750” é a cor de 2023? - e porque essas cores acabam sendo usadas em mídias muito diversas. Não existe uma lista oficial das cores com nomes, mas uma forma de consultar elas especificamente é usando o catálogo Fashion Home - Interiors.
sobre newsletters e escrita
Olá! Adoraria conhecer como é o processo de criar cada edição da newsletter. Assim que o assunto é decidido, por onde começa a pesquisa? Diretamente no Google, ou em sites específicos? Livros primeiro e depois internet? E depois, como funciona o processo de sintetizar tudo? Obrigada pela newsletter, é sensacional!
Começo pelos livros porque são informações que eu já acessei - li - em algum momento, então eles vêm primeiro na memória. Aí releio o livro ou capítulo e tento organizar as ideias. Enquanto os livros são mais “memória”, na internet estão as coisas que ainda vou descobrir e aprender sobre. Gosto muito da Wikipédia porque o sistema de moderação deles é muito bom (conteúdo falso ou sem referências não fica no ar por muito tempo) e dá pra encontrar outras referências e se aprofundar. Evito compartilhar informações que não tenham um nome (no caso, um autor, uma autora ou uma instituição) associado a elas (tirando minhas opiniões pessoais, óbvio). Se estou buscando um conteúdo mais específico sobre design, alguns portais e publicações que acompanho são: Revista Recorte, UX Colletive, Teoria do Design, AIGA Eye on Design, Entrelinha, Design Lobster e Tipo Aquilo.
Normalmente eu vou salvando coisas que me interessam, como essa edição da newsletter Design Lobster que trazia a obra My Old New Chair. Essas referências ficam num quadro no Asana até eu conectar com outros dados ou pesquisas (como curso graduação em Design, estou sempre em contato com essas coisas).
Para a escrita, jogo todas as referências em um documento e vou conectando os pontos. Agrupo coisas que se parecem dentro do tema maior e tento sempre trazer “imagens” (não só literais, mas descrições também, como a montanha de lixo no deserto que mencionei na edição 48) que aproximem o leitor do que eu estou tentando dizer. Meu truque secreto é que sou formada em jornalismo, e com isso aprendi um estilo de escrita específico, que foca bastante em manter apenas o “essencial” no texto final, sem enrolação. Isso é bom, porque e-mails tem uma limitação de tamanho - minha maior inimiga.
tem algo que você tem muita vontade de falar em uma edição mas não falou porque sente que precisa “fazer direito”, não é a hora ou ainda não teve oportunidade?
Sim, sem dúvida. Eu escrevo sempre, publico semanalmente e já aceitei que não tenho como acertar sempre, mas nem por isso me sinto a vontade pra ser burra online - sabe aquelas pessoas que acham que precisam se posicionar sobre tudo e acabam falando coisas óbvias ou só estúpidas?
Alguns assuntos são mais complexos que outros, e nem sempre eu estou familiarizada o suficiente com uma área pra conseguir dominar um tema em uma semana ou duas. Isso é natural, mas não deixo de escrever por isso - eu escrevo muitas coisas que não publico, o que pode parecer um choque porque a internet é toda sobre publicar, mas faz parte do meu processo. Como estudo Design na universidade, tenho a oportunidade de escrever sobre temas mais complexos (sobre os quais estou aprendendo) em algumas disciplinas, com orientação de professores e até junto com colegas. Faz mais sentido pra mim :)
como é o seu processo de pesquisa e como você se organiza durante a semana para conseguir produzir conteúdo com constância?
Já respondi mais acima como eu pesquiso sobre os temas, mas rapidinho sobre organização: eu tenho muitas ideias ao mesmo tempo e vou anotando, e quase sempre trabalho em mais de um texto por vez. Tento me organizar pra escrever ao longo da semana e fechar cada edição na sexta-feira pra enviar na terça, assim eu tenho o fim de semana de sobra se tiver qualquer imprevisto.
Admito que não dá pra fazer tudo, e às vezes eu falto academia ou me atraso pra aula pra escrever um pouco mais (ou um pouco melhor). Aliás, uma observação importante: eu não produzo conteúdo, eu escrevo. Pode reparar que minhas redes são meio abandonadas; eu consigo escrever com mais frequência porque não gravo vídeos, não crio posts, não fico inventando mais obrigações pra mim mesma.
Sobre a constância, pra escrever sempre é preciso… escrever sempre. Nem toda semana escrevo coisas brilhantes, mas textos médios (e até ruinzinhos) compõe a “prática da escrita” tanto quanto os bons, eu acho.
Um ótimo livro sobre escrita e que dá boas dicas de organização, pesquisa e preparação para escrever é o Manual de Sobrevivência na Escrita, da Ana Rüsche e do George Amaral.
obrigada por ler até aqui :) essa foi uma edição mais leve, e vou tentar responder algumas perguntas que sobraram em edições futuras - algumas rendem um email inteiro sozinhas! fique a vontade para responder esse e-mail - espero que esse possa sempre ser um espaço de troca. e se você gosta da makers gonna make, que tal compartilhar com alguém?
essa edição foi um presente!! feliz um ano de makers, hele! <3
Parabéns pelo primeiro ano da Makers, Hele!