#26 design & política
um rerun de uma edição que eu gostaria de revisitar | tempo de leitura: 4 minutos
“como designers podem pensar e se engajar politicamente para além das urnas?”
foi com essa frase que eu abri a edição #5 da makers gonna make, em agosto de 2022, e eu quero retomar essa discussão. por isso, a edição de hoje é um rerun: estou compartilhando, na íntegra, o mesmo texto de agosto. a base de inscritos da newsletter mais que dobrou de lá pra cá, então a maioria não chegou a ler. e na próxima semana, ficamos combinados: eu trago um contraponto ao texto a seguir. vamos?
❤️ para se inspirar
Como o design interpreta o caos político e social
Essa matéria da Tab Uol reúne um acervo interessantíssimo de cartazes políticos e consulta especialistas renomados, como a arquiteta e editora Bebel Abreu e o historiador Rafael Cardoso, para falar sobre as reações gráficas ao caos político e social. Quem nunca sentiu o estômago revirar ao ver uma ilustração ou post publicado apenas algumas horas após uma grande tragédia, que parece tentar “aproveitar os cliques” da desgraça? Mas por mais que cause certo estranhamento - principalmente com a velocidade de resposta aos acontecimentos que a internet nos proporciona - a arte e o design sempre foram uma forma legítima de responder a acontecimentos revoltantes e demonstrar insatisfação com a sociedade. Exemplos disso são os cartazes produzidos para o movimento de Maio de 1968 na França, a identidade gráfica do jornal dos Black Panthers nos anos 1970 e os icônicos cartazes para a Marcha das Mulheres de Washington em 1989.
Para ver mais cartazes - inclusive sobre outros movimentos - se inspirar e ler mais sobre, confira aqui a matéria completa.
💭 para refletir
“Nem de direita, nem de esquerda, designer”: é possível ser neutro ao fazer design?
Esse artigo, escrito por alunas da Escola Superior de Desenho Industrial, garante que não; mas busca entender porque tanta gente acha que sim. As autoras encontram uma possível origem para a ideia de “neutralidade” no design nas escolas do funcionalismo e racionalismo, e sua manutenção no sistema universitário vigente.
O artigo chama a atenção para a dimensão política não-partidária do design:
“A relação entre design e política costuma ser explorada com concentração nos projetos explicitamente partidários, ignorando ou pouco destacando que cada detalhe do produto, final ou de seu processo, exprime doutrinas e princípios em múltiplas esferas. Isso vai muito além do papel social do designer ou de uma moralidade que resolve ser adotada em sua postura profissional. Ainda que não fosse designer, seria projetista, e logo político”, diz um trecho.
Vale a leitura e a reflexão sobre o assunto. Afinal, se todo projetar é político, todos os designers são agentes de transformação política quase o tempo todo. E que mundo é esse que estamos construindo?
💌 apoie a makers gonna make
Eu escrevo a makers por amor, é verdade. Mas para manter a produção de textos semanal e explorar novos formatos, como materiais impressos e entrevistas com outros designers, seu apoio pode ser essencial :)
Contribua através do apoia.se e receba de presente a primeira edição da zine makers gonna make, além de um e-mail extra mensal com todas as referências incríveis que ficaram de fora das edições regulares. Tá tudo bem explicadinho por lá. E se você estiver se sentindo especialmente generoso, me dê um livro de presente :)
e aí, o que você acha? a partir desses dois links que compartilhei, dá pra chegar não só a conclusão de que design pode ser político, e até mesmo de que ele não pode não ser político. eu ainda concordo com isso, mas comecei a entender o problema com mais algumas camadas de complexidade - e vou compartilhar um pouco desse pensamento na semana que vem. como sempre, fique a vontade para responder esse e-mail se quiser conversar, compartilhar algo ou até mesmo criticar algum ponto da newsletter. espero que esse possa sempre ser um espaço de troca.
até a próxima terça!
- hele