#20 quebrando as regras da tipografia
porque seguir as regras é sempre mais fácil | Tempo de leitura: 6 minutos
aqui na makers eu tento mesmo não falar demais de um mesmo assunto dentro do design, mas tem coisa que não dá pra fugir. uma dessas coisas é a tipografia: afinal, ela está em todo lugar, até aqui, nesse e-mail: repare que o título é enorme, o subtítulo é num cinza mais claro, às vezes eu uso maiúscula, às vezes não. mas eu ainda tento sair um pouco do básico nas edições... porque afinal, se você é designer ou um estudante de design, você conhece as regras do bom uso, ou vai conhecer logo, e eu não preciso ser quem vai te ensinar isso. então, por que não partir logo pra parte mais legal, e conhecer o trabalho de quem está fazendo algo diferente e inspirador?
❤️ para se inspirar
Os pôsteres de Jessica Svendsen
Jessica Svendsen é uma designer que atua nas áreas de identidade visual e design editorial, e eu me apaixonei à primeira vista pelo seu trabalho tipográfico. Dá pra entender o porquê se você der uma olhada nessa série de pôsteres que ela produziu enquanto trabalhava no Pentagran, para a Universidade de Yale (onde ela estudou, inclusive). Sobreposições, quebra de texto inusuais, uso de sombras e elementos 3d, letras estreitas demais, largas demais… Escolhas que fariam alguns designers, mais tradicionais, torcerem o nariz. Mas justamente ao quebrar diversas “regras” da tipografia, Jessica cria visuais interessantes e inspiradores.
Jessica passou oito anos estudando na Universidade de Yale e ela começou na graduação de Inglês/Literatura; foi lá que começou a se interessar pela relação entre o texto e as letras que o compõem. Ela fala sobre isso em uma entrevista para o blog Ligature:
“Percebi que a forma poderia não apenas iluminar o significado do texto, mas também criar novos significados.
Em algumas das residências de Yale, há estúdios de tipografia totalmente equipados no porão. Ao definir o tipo, letra por letra, comecei a entender a relação entre o textual e o visual. (…)
Enquanto estudava Inglês, estudei principalmente literatura modernista. Eu me atraía pelos modernistas porque eles usavam significantes visuais para desfamiliarizar o leitor. Eles experimentaram como tipografia, composição e design de livro poderiam fazer parte da narrativa.”
🍀 sorteio de livro sobre design, uhu
Eu montei uma mini-pesquisa pra conhecer um pouco melhor os leitores da makers gonna make, e prometo que não vou perguntar seu gênero, sua idade e nem quanto você ganha.
Como eu sei que ninguém curte responder formulários, pensei em um incentivo. Vou sortear uma pessoa entre os assinantes que responderem para ganhar um livro da minha mini-biblioteca de design :) O sorteado deverá escolher um entre esses quatro títulos:
Design do dia a dia, Donald A. Norman
Design is Storytelling (em inglês), Ellen Lupton
Design para um mundo complexo, Rafael Cardoso
Pensamentos sobre design, Paul Rand
O sorteio será realizado no dia 10/01, então o formulário só vai ficar aberto até o dia 09/01, ok?
💭 para refletir
O valor do design multi-tipográfico
“O ideal é usar duas tipografias por layout, no máximo três.” Uma básica para os textos corridos, uma display pra chamar atenção e uma terceira pra situações especiais. Certo?
Errado, de acordo com a brilhante Bethany Heck. Ela escreveu o artigo “The Value of Multi-Typeface Design”, que foi traduzido e publicado no blog da Plau como “O valor do design multi-tipográfico”.
“Não confunda preferências com regras.
Não deixe a opinião de um designer afetar a forma como você resolve um problema. Tendo o conteúdo certo e as fontes certas, qualquer número de fontes pode funcionar num projeto. Costumo achar que os designers estão tentando impor suas opiniões estéticas quando argumentam a favor dessas limitações, ao invés de pensarem no bem do usuário de fato. Não acho que sua avó esteja preocupada com o número de fontes que existem nos livros de receita dela. Isso porque sua avó é sábia.
Não crie para outros designers, crie para o seu público.”
Eu já sou uma pessoa naturalmente atraída por soluções visuais mais criativas e mais complexas, mas até sobre isso o artigo da Bethany desmistifica alguns pontos. Porque dá pra usar várias fontes em um layout minimalista. Já ouviu falar que parear duas fontes muito semelhantes é ruim porque faz o leitor achar que as pequenas diferenças são erros? Bethany mostra que nem sempre. O design multi-tipográfico pode te levar a soluções que exploram o contraste e também a outras que exploram a semelhança.
A autora também analisa diversos casos e layouts tipográficos, trabalhos dela mesma e de outros designers. O artigo começa questionando essas “regras” sem nenhum fundamento real, e acaba se tornando em uma espécie de guia de possibilidades. Vale a leitura :)
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Existe uma grande chance de você gostar da edição #13, na qual eu escrevi sobre maximalismo.
obrigada por chegar até aqui! com mais recursos - mais tipografias, cores, formas - vêm mais responsabilidades, é verdade. coordenar mais informação é sempre mais difícil, mas é também frequentemente mais interessante! e você, o que acha? fique a vontade para responder esse e-mail se quiser conversar, compartilhar algo ou até mesmo criticar algum ponto da newsletter. espero que esse possa sempre ser um espaço de troca.
até a próxima terça!
- hele
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