#15 curiosidade cotidiana
Tempo de leitura: 4 minutos | o quão espetacular um objeto precisa ser para se tornar cotidiano?
estou começando a achar que os artefatos que consideramos banais são provavelmente mais incríveis do que os artefatos incríveis. uma cadeira perfeitamente ergonômica, chique e estilosa que custa mais de 10 mil reais? incrível. mas a cadeira de fio, também conhecida como “cadeira espaguete”, presente nas Casas De Avós por aí… é muito mais fascinante. afinal, quando foi que ela chegou em todo lugar? quando um objeto aparentemente simples se torna um ícone é que as coisas ficam realmente interessantes, e eu acho que nós criativos precisamos olhar pro cotidiano com um pouco mais de carinho se queremos gerar ideias que permanecem.
❤️ para se inspirar
Raio-x de um objeto excepcional: o que torna o design de um objeto comum icônico?
A seção Objeto de Análise, da revista Gama, já roubou algumas horas da minha vida. A proposta é exatamente o que parece: a publicação faz uma análise detalhada de um objeto por vez, passando sempre por algumas questões principais:
O que é? Quem faz? Por que é tão desejado? Vale?
A maioria dos objetos selecionados para investigação são clássicos do cotidiano brasileiro (ou de um nostálgico-não-muito-distante passado), como a Cadeira Espaguete, a Piscina iGui, a Jarra de Abacaxi e a Borracha de Duas Cores, pra citar alguns exemplos. O apanhado compõe uma leitura muito rica e interessante para designers, principalmente - mas não só - os da área de produto. Afinal, cada análise mostra, de alguma forma, o que tornou um artefato comum em uma espécie de ícone.
Vale a pena tirar um tempinho pra navegar pela revista e conhecer mais sobre esses e outros artefatos excepcionais.
💭 para refletir
O design e seus arquétipos
Uma geladeira, uma bota de esqui, uma jaqueta impermeável, até um tomógrafo ou um aplicador de insulina são objetos que podem ser desenhados de modo a sugerir uma personalidade,
de fornecer pistas de como usá-los e tirar o melhor partido de seu potencial tátil. (…) Todos eles dependem do modo como a decoração, a cor, a forma e o ritual são manipulados.
- Deyan Sudjic, em A Linguagem das Coisas
Por que alguns objetos, como os smartphones, são constantemente reformulados, enquanto outros permanecem sendo fabricados em um mesmo modelo por décadas? A resposta poderia ser obsolescência programada, mas eu estou falando de outra coisa. Se você quisesse comprar o mesmo telefone toda vez que ele quebrasse, não conseguiria, porque eles saem de linha. Por outro lado, se a cadeira de fio da sua avó estragar ela não vai buscar o modelo mais novo e tecnológico, ela vai buscar uma igual, e ela vai encontrar, porque alguns artefatos seguem sendo produzidos década depois de década.
No capítulo “O design e seus arquétipos” do livro A Liguagem das Coisas, o autor Sudjic discute, através de cases de objetos icônicos como a luminária Anglepoise, que características projetuais podem tornar um objeto aparentemente simples um verdadeiro marco para o design. Ou seja: como um objeto desenhado para o cotidiano pode se tornar um artefato excepcional.
“O design e seus arquétipos” é um dos quatro capítulos que compõem o livro, e eu já deixo avisado que discordo de metade do que o Sudjic escreve no resto dele, hahah. Mas ele fala sobre o que nos atrai nos objetos que amamos e o papel do design nas decisões de consumo de uma forma abrangente e aprofundada ao mesmo tempo. O livro é meio difícil de encontrar, mas eu consegui o meu na estante virtual. Fica a recomendação :)
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até a próxima terça!
- hele
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